Na ponte o dragão de Ljubljana

Na cidade de Ljubljana existem diversas pontes que permitem a passagem sobre o rio  Lublianica, algumas mais celebres que outras (a wikipedia enuncia 17 dessas pontes).

O artigo anterior terminou, justamente, referindo a ponte mais célebre da cidade, a ponte tripla (Tromostovje), mas existe uma outra que merece ser referida imediatamente a seguir, a ponte do dragão (Zmajski most)

Esta ponte é um dos pontos turísticos mais conhecidos da cidade. Quatro dragões verdes, dois de cada lado, estão orgulhosamente a guardar a ponte e a própria cidade.

Ljubljana - paisagem avistada da ponte do dragao, a ponte e os dragoes

Antes de mais convém advertir as senhoras: dizem que o dragão acena a cauda, ​​quando a ponte é atravessada por uma virgem!

A história da ponte vai muito para trás no tempo, quando era de madeira e a ponte se chamava de ponte do talhante. Em 1901, a ponte existente foi construída no estilo de arte da secessão, e dedicada a Franc Jozef, o Imperador Habsburgo. Estão escritos de lado os anos que mostram o período do seu governo. Feita de betão armado, é uma das primeiras pontes na Europa construída usando esta técnica.

Mas o dragão em si tem grande preponderância em Ljubljana, integrando o brasão da cidade.

“O dragão simboliza a força, coragem e força, e pode ter tido a sua origem na lenda de Jasão e os Argonautas.

“Era uma vez, um herói grego Jasão e os seus companheiros Argonautas que roubaram um velo de ouro, o brasão de um carneiro de ouro, do rei da Cólquida, no Mar Negro. A bordo do navio Argo eles fugiram dos seus perseguidores e encontraram-se na foz do rio Danúbio em vez de irem para sul, para o Mar Egeu e para a sua pátria grega. Não havia como voltar atrás, e rumaram em frente, até ao Danúbio e, em seguida, ao longo do Rio Ljubljanica. Eles pararam na fonte do Ljubljanica e passaram o Inverno aqui. Eles, então, desmantelaram o Argo e na Primavera carregaram-no nos seus ombros para a costa do Adriático, onde o reconstruiram e continuaram o seu caminho. Segundo a lenda, na sua chegada entre o que é agora Vrhnika e Ljubljana, os Argonautas atravessaram um grande lago com um pântano ao lado. No pantano vivia um terrível dragão que Jasão matou depois de uma luta heróica. O monstro teria sido o dragão Ljubljana. Diz-se que Jasao teria sido o primeiro cidadão de verdade de Ljubljana.”

Existem duas versões mais realistas da história do dragão. De acordo com a primeira, ele foi levado de São Jorge, o santo padroeiro da capela do castelo. Em frescos e estátuas, São Jorge é muitas vezes visto de pé ou a cavalgar enquanto mata o dragão com uma lança. O dragão nas lendas de São Jorge representa as antigas crenças ancestrais que a nova religião semita – Cristianismo – derrotou. A colina do Castelo foi em tempos ancestrais um lugar sagrado, onde os portadores de uma cultura de funerais de cremação tinham uma fortaleza e adoravam o seu deus. Quando na Idade Média, os fundações do castelo de hoje foram colocadas para baixo, também queriam simbolicamente ultrapassar as antigas crenças, por isso também dedicaram a capela do castelo a São Jorge.

Alternativamente, na mitologia eslava o dragão representa o deus Veles, adversário do supremo deus trovão Perun, o maior dos deuses eslavos. Na religião eslava, Perun era adorado geralmente numa colina; enquanto Veles mais abaixo, era geralmente adorado perto de um mercado.

A primeira explicação está relacionada com a segunda, que o dragão evoluiu desde a decoração no brasão da cidade medieval que inicialmente representava apenas os muros da cidade ou portões. O pequeno animal, um complemento decorativo acima do brasão de armas, mudou-se para o brasão de armas, no período barroco, com o surgimento da torre e outro simbolismo nos século XIX e, especialmente, XX. O dragão foi usado como parte do brasão em vários edifícios, propriedade da cidade, e após a Segunda Guerra Mundial, foi usado por várias empresas, desde em rótulos de garrafas de cerveja, ao nome de uma fábrica de tocha ou como um prémio por conquistas na moda. (texto traduzido e adaptado daqui)

9 thoughts on “Na ponte o dragão de Ljubljana

  1. Olá!

    Parabéns pelo artigo!
    Adorei o que pesquisou sobre o dragão e também a ponte!
    De facto, os dragões são criaturas usadas na mitologia dos mais diversos povos e civilizações, do Ocidente ao Oriente, desde os começos do pensamento. Até as religiões se servem deles!
    Acho que tanto simbolizam medo como poder e usam-nos nas duas vertentes.
    O S. Jorge, como era militar, aparece a derrotá-lo, como símbolo da força do poder de Roma e, como era cristão, também o Bem que vence o Mal.
    Os arquitectos,engenheiros e escultores dessa ponte, fizeram um casamento exemplar!
    As asas enormes, com textura de morcego, tornam-nos leves no seu peso, como que a simbolizar altos voos. Gostei muito.
    Beijinho

    • Bom dia!

      Os dragões são criaturas míticas em volta das quais se gera imenso misticismo e alguma atracção.
      Associamos a criaturas poderosas e com um que de malévolas. Por isso o serem derrotadas atribui um grande poder a quem consegue tal facenha, e como tão bem referiu no seu comentário a supremacia do bem sobre o mal.

      Apreciei bastante o seu comentário e penso que acrescentou valor ao teor do meu artigo. Obrigada também por isso.

      Beijinho

  2. Querida Turista:
    Apenas uma nota de bom humor: é que aqui no Porto também temos um dragão especial que é o FCP!
    Gostei muito das explicações sobretudo a que diz respeito ao brasão.
    Beijinhos.

    • Bom dia!!!

      Muito bem-visto. O dragão azul do Porto (do FCP) tem-se revelado bastante poderoso e com capacidade de derrotar muitos adversários, alguns com símbolos de animais também, mas não mitológicos 😉 Talvez seja aí que reside a principal diferença.

      Beijinho

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  5. Republicou isto em Leveza e Esperança and commented:
    Curtindo uma temporada na Eslovênia, cheguei até este post do “Turista ocasional” e gostei muito. Hoje mesmo, num frio de 6 graus Celsius, cruzei a ponte em direção à Catedral. Obrigado pelo artigo. Vale a pena ler, estimado leitor.

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