Catedral de Bayeux

Bayeux é uma antiga cidade romana, que teve o seu primeiro bispo (St. Exupère) no século IV. Mas só no século XI foi construída (ou reconstruída) a grande catedral de Bayeux em estilo românico.

A construção dessa Catedral Românica foi iniciada pelo bispo Hugues d’Ivry (1011-1049) e continuada por Odo de Conteville (1050-1097).

Desta catedral persistem actualmente vários elementos: a cripta e a fachada da torre, reabilitada no período gótico.

Bayeux - Catedral de Notre Dame

A famosa tapeçaria de Bayeux, mais concretamente um bordado, é uma das principais atracções turísticas da cidade. Com 70 metros de comprimento, ela retrata os acontecimentos que levaram à conquista normanda da Inglaterra por William, duque da Normandia mais tarde rei da Inglaterra, contra Harold, conde de Wessex, e que culminou na Batalha de Hastings a qual assegurou o sucesso da invasão normanda em Inglaterra. Esta foi patrocinada por Odo e originalmente a intenção era pendura-la na nave da Catedral.

A catedral foi consagrada solenemente em 14 de Julho 1077, pelo Bispo Odo na presença do seu ilustre meio irmão, William o Conquistador, duque da Normandia e rei de Inglaterra e Matilda de Flandres, a rainha consorte.

Em 1105 a catedral românica foi em grande parte destruída por um fogo durante a guerra civil que opôs os filhos de William, o Conquistador (respectivamente Henry I Beauclerc, rei de Inglaterra e Robert Courtheuse, duque da Normandia).

A reconstrução da Catedral começou pouco tempo depois, sob a alçada do Bispo Richard II de Douvres (1107-1133) uma vez que esta foi fundada pelo próprio rei Henry II.

Mas durante a guerra civil que opôs o rei Stephen e a imperatriz Matilda (1135-1144) a catedral foi alvo de um outro fogo (1160). A reconstrução que tinha começado ainda em estilo românico, neste período cedeu lugar ao novo estilo arquitectónico gótico, importado da região de Ilha de França. É desta segunda parte do século XII que são oriundos os corredores da nave, o portal lateral sul e as fundações do capitulo da catedral.

Bayeux - Catedral de Notre Dame alguns pormenores do exterior

A maior parte da Catedral actual, data contudo do século XIII. O coro foi construído entre 1220 e 1240. A nave foi construída em meados do século XIII, tendo sido decidido que o primeiro nível romanesco decorado no estilo típico do século XII seria preservado. Para o segundo nível foi escolhido um único nível gótico, uma das primeiras demonstrações do estilo gótico superior na Normandia, que permitiu inundar a nave com imensa luz.

As porções norte e sul do transepto foram cobertos com uma estrutura similar à usada para cobrir o coro durante a primeira metade do século XIII. A decoração foi adicionada na segunda parte do século. Ainda durante este século foram acrescentados os pináculos nas duas torres romanescas e a fachada oeste foi renovada no estilo gótico e adornada com cinco varandas.

As capelas das naves laterais foram acrescentadas entre meados dos séculos XIII e XIV.

A construção da base quadrangular da torre central começou durante a primeira metade do século XIV.

A baixa Normandia foi vitima das guerras da religiao em 1562, e a catedral sofreu ataques de pilhagem no pretexto da reforma. Muito do que foi destruido: órgãos mobiliário, estátuas, relíquias, só foi recuperado em fins do século XVI e XVII.

A catedral sofreu pouco durante a Revolução Francesa apesar de ter sido fechada durante 7 anos (1794-1801).

No século XIX foi levado a cabo um grande trabalho de restauro. A torre central estava em iminente risco de ruir, mas foi salva graças à participação de Eugène Flachat. O trabalho foi levado a cabo pelos arquitectos Henri de Dion e Louis Lasvignes (1857-1858).

A Catedral que se pode visitar actualmente é assim resultado de uma complexa e longa história.

No seu interior, a longa nave central e o púlpito de Jean-Louis Mangin (1789), captam de imediato a atenção de quem entra pelo portal norte.

Bayeux - Catedral de Notre Dame - interior - nave central e pulpito

Travessia do transepto Norte (seculo XIII), com vitrais coloridos entre o rendilhado da decoração, de Etienne Thevenot (1848). Exemplos de outros vitrais na catedral, inclusivé um onde por baixo se encontra um memorial da II GM.

Bayeux - Catedral de Notre Dame - interior - vitrais

Murais da capela de cruzamento sul, um com a Anunciação e a Santa Trindade (séc. XIII) e o outro com a Crucificação e Cenas da Vida de St. Nicolau (séc. XIII) e o Martir St. Thomas Becket (séc. XIX).

Bayeux - Catedral de Notre Dame - interior - Murais da Capela de cruzamento sul

Coro e Altar Mor, na altura ainda parcialmente ocupado com um presépio de dimensões expressivas.

Bayeux - Catedral de Notre Dame - interior - coro e altar Mor

Representações religiosas de Nossa Senhora, Jesus Cristo e de Santos.

Bayeux - Catedral de Notre Dame - interior - estatuas

O grande órgão reconstruído por Aristide Cavaillé-Coll, em 1862.

Bayeux - Catedral de Notre Dame - interior - orgao

Na Normandia – Bayeux

Normandia - mapa com Praias da Invasao no dia D

Depois da Praia de Arromanches, o local visitado seguinte foi a cidade de Bayeux, onde se encontra o Museu Memorial da Batalha da Normandia.

Mas uma vez mais, Janeiro não é o mês ideal para visitar a Normandia, caso o motivo principal esteja relacionado com a Batalha da Normandia de 1944. Este museu também está fechado durante o mês de Janeiro e até 15 de Fevereiro de 2013.

“O Museu apresenta a história completa da Batalha da Normandia correspondente ao período de 7 de Junho e 29 de Agosto de 1944. Possui um espaço de exposição de 2000 m² e a projecção de um filme de arquivo com 25 minutos. Uma loja e uma sala de exposições temporárias completam a evocação deste período” (tradução livre do texto retirado daqui).

Assim o meu “marido repórter” teve que se cingir a vislumbrar o edifício do Museu apenas pelo seu exterior.

Bayeux - Museu Memorial da Batalha da Normandia

Pelo menos os tanques de guerra com os canhões, estavam expostos no jardim exterior…

Para saberem todos os pormenores sobre o dia D e a Batalha da Normandia, o site ideal a visitarem é o Normandie Mémoire.

D-day na Normandia – Arromanches les Bains

O meu marido realizou recentemente uma viagem a trabalho à Normandia. Na altura perguntou-me se havia algo que eu quisesse que ele me trouxesse de lá.

A resposta não foi nada difícil, e foi acompanhada pela entrega nas suas mãos da máquina fotográfica do nosso três palmos. Sim, porque eu ando sempre acompanhada pela minha máquina fotográfica para onde quer que vá, e seria impensável ficar sem ela durante 15 dias…

O que eu queria que ele me trouxesse, era a sua reportagem fotográfica e vivência dos locais que escolheria visitar durante o seu fim-de-semana na Normandia. Ele escolheu sobretudo áreas costeiras, praias ligadas à história que contribuiu para o fim da Segunda Guerra Mundial.

O fim-de-semana de Janeiro revelou-se bastante chuvoso e frio, mas isso não o demoveu de visitar os locais que pretendia.

Este é um mapa que ilustra invasão pelas tropas aliadas em várias frentes no dia D, dia 6 de Junho de 1944, da costa francesa da Normandia na posse das tropas alemãs.

Normandia - mapa com Praias da Invasao no dia D

O primeiro local visitado foi Arromanches, uma das praias centrais no dia D, integrada no sector atribuído aos XXX corpos britânicos, com o nome de código Gold.  “A leste de Arromanches, os penhascos dão lugar a uma baixa altitude litoral, pantanosa, e foi lá, na frente de Asnelles e Ver-sur-Mer, que o general Graham da 50ª divisão de infantaria (Northumbrian) liderou o assalto. Eles desembarcaram às 7h25, uma hora mais tarde do que os americanos, devido às diferenças locais em tempos de maré.” (texto traduzido e retirado daqui)

Normandia - Praia de Arromanches

Para não se diluírem na memória os eventos que ocorreram na Normandia em 1944, persistem junto à praia alguns canhões.

Normandia - Praia de Arromanches 2

E nas imediações da praia, construído com vista para onde um dos portos artificiais Mulberry foi erguido, e cujos seus restos podem ser vistos ainda hoje, a poucas centenas de metros da costa, encontra-se o Museu do Desembarque. Um museu que é justamente acerca do dia D, 6 de Junho de 1944. Inaugurado exactamente 10 anos depois dos eventos que aborda.

Normandia - Arromanches - Museu du Debarquement

Mas em Janeiro a visita a este museu não é possível, já que o mesmo se encontra fechado e só reabre em Fevereiro.

Assim teve que se limitar a observar e ler o que do exterior se podia vislumbrar.

Normandia - Arromanches - Museu du Debarquement - informacao exterior

Para saberem todos os pormenores sobre o dia D e a Batalha da Normandia, o site ideal a visitarem é o Normandie Mémoire.

Muito obrigada pelas fotografias e a “reportagem” da tua visita exploratória a Arromanches, meu querido economista ocasional.

Passau nas outras margens

Passau tem bem mais a visitar do que o que se circunscreve ao seu centro histórico.

Do centro histórico é possível vislumbrar dois edifícios que se destacam na paisagem, cada um em margens opostas e em locais sobranceiros à cidade.

O primeiro é a Fortaleza “Veste Oberhaus(1) (ver mapa do centro da cidade)

Passau - Fortaleza Veste Oberhaus

“Nos tempos dos príncipes bispos, o Veste Oberhaus foi centro de poder e residência, centro administrativo e económico. Ulrich II recebeu em 1217 para a diocese de Passau, o titulo de Príncipe do Sagrado Império Romano. Para fornecer apoio militar ao poder recém-adquirido foi lançada em 1219 a pedra fundamental para o castelo de Passau. O forte devia oferecer protecção contra os inimigos externos e internos, mas também contra os cidadãos de Passau, que procuraram alcançar tanta liberdade quanto possível da regras episcopais.

O Veste Oberhaus foi ameaçado durante a Idade Média apenas cinco vezes por inimigos e cinco vezes saiu vitorioso. 1250, 1298, 1367 e 1482 foram anos de lutas. Enfatizar especialmente a luta de 1298 na qual os cidadãos de Passau ousaram se rebelar contra o bispo. O bispo, por esse motivo, tomou a cidade a partir do Veste Oberhaus sob fogo e danificou-a tanto, que o povo cedeu pouco depois. Em 1367 os cidadãos atacaram de novo e ousaram ir contra o bispo, conquistando a Câmara inferior (Niederhaus). Eles foram novamente condenados ao fracasso, porque a Oberhaus, sob o comando do experiente cavaleiro de guerra austríaco Johann von Traun, foi defendida com sucesso.

Um ponto de viragem importante na história da fortaleza, foi o ano de 1802. Através da secularização o bispo de Passau também perdeu o seu poder temporal. Depois de o Imperador Napoleão Bonaparte o ter usado inicialmente como uma fortaleza contra a Áustria, foi adaptado em 1822 e usado como prisão para presos políticos e como o centro de detenção militar. Até 1918, o Veste Oberhaus era conhecido e temido pelo nome de “Bastille Bavaria”. Em 1932 finalmente a cidade de Passau, tomou a Oberhaus e criou aí o seu museu. Desde 1991, além de várias exposições permanentes sobre a historia da troca e o comércio, também abriga exposições especiais.” (texto adaptado e traduzido daqui)

Actualmente no Veste Oberhaus além do museu, pode-se encontrar um restaurante, uma torre de vigia, um observatório e uma pousada da juventude.

Na outra margem, a Igreja de Peregrinação “Mariahilf” (15), destaca-se igualmente sobranceira na paisagem.

Passau - Igreja de Peregrinacao Mariahilf - na outra margem

Da localização da igreja tem-se uma bela vista para baixo, para o chamado “lado italiano” de Passau.

O Santuário foi fundado em 1622 pelo reitor Marquard Schwendi, como uma capela com uma imagem milagrosa de Maria. O artista de Passau Pio terminou-a em 1620 como uma cópia da imagem milagrosa de Mariahilf de Lucas Cranach o Velho. O castelo de Schwendi é em frente ao local do santuário. O santuário foi construído entre 1624-1627 por Francesco Garbanino. As estruturas cónicas das torres pastante peculiares foram adicionadas apenas em 1665. Conectados à Igreja, estão o mosteiro e a ponte de Sta. Ana.

Passau - Igreja de Peregrinacao Mariahilf - exterior

A igreja barroca do mosteiro, foi uma igreja de peregrinação importante. A escadaria de peregrinação é de 1628, possui 321 degraus e está coberta até ao cimo da colina passos. No início do acesso à escadaria barroca encontra-se um crucifixo.

Passau - Igreja de Peregrinacao Mariahilf - degraus de peregrinacao

O altar-mor de 1729 é marcado pela imagem milagrosa. Os altares laterais são de 1774 e mostram obras de Joseph Bergler o Jovem. A nave possui um candeeiro denominado de “Kaiserampel” (iluminacao do Imperador), feito pelo ourives de Augsburg, Lukas Lang. O Imperador Leopoldo I doou-o a Passau, em 1676, por ocasião do seu casamento. Na sacristia encontra-se o câmara do tesouro da igreja de peregrinação. Os capuchinhos assumiram a peregrinação pastoral.

Passau - Igreja de Peregrinacao Mariahilf - interior da igreja

Ontem…

Ontem a minha fadinha Elfo 2012 da ISISS, encontrou as minhas fadinhas dos anos anteriores…

Isiss fadinhas elfos

Porque é que as fadinhas não são reais, capazes de realizar verdadeira magia e alterar o inalterável, transformar a dura realidade e fazer desaparecer a sensação de impotência?

Ontem um novo anjinho subiu ao Céu… Um anjinho de 5 anos… mas por certo infelizmente a muitos outros  aconteceu o mesmo, algo que pensamos sempre, que não é justo ter acontecido, talvez por nosso puro egoísmo, pela sensação de perda e de vazio que nos provoca…

Há viagens que são apenas de ida, sem marcação prévia, irrevogáveis. O destino é definitivo, não é escolhido, é sempre uma incógnita, desconhecido por todos, por maiores as conjecturas que se façam sobre o mesmo.

Cada um faz essa sua ultima viagem sozinho, mesmo que não seja adepto da solidão.

Os que ficam… esses são os que sentem mais as consequências da viagem.

Aos que ficam, o meu mais profundo e sincero pesar, mesmo que não o ouçam.

Passau na margem do rio…

Depois de várias igrejas, abordadas no artigo anterior, o passeio exploratório pela cidade de Passau levou-me finalmente às margens dos rios, mais concretamente à ponta de conjunção dos rios Inn, Danúbio e Ilz (2) (ver mapa do centro da cidade).

Passau - onde o Inn Danubio e Ilz se juntam

Optando por percorrer a avenida pedonal junto ao rio Danúbio, a mesma fez-me passar pelo Museu de Arte Moderna (3), mas confesso que não tive uma vontade especial de o visitar na altura.

O passeio continuou assim até à Rathaus (Câmara Municipal da cidade) (6), localizada na Rathausplatz, mesmo em frente ao Danúbio, o que lhe permite ter uma vista privilegiada sobre o mesmo.

Passau - Camara Municipal - Rathaus

Os primórdios da Antiga Câmara Municipal remonta ao ano de 1298, quando os cidadãos da câmara lutaram numa revolta contra o arcebispo. O salão de estilo veneziano, data de 1405. Os frescos originais da fachada remontavam a 1446, obra de  Ruprecht Fueterer e Rueland Frueauf o Velho, e foram substituídos em 1922 por Joseph Hengge de Kempten por murais modernos, mostrando o Imperador Ludwig da

Baviera e quatro porta-estandartes do eleitorado da Saxónia, Eleitorado de Trier,   Eleitorado de Colónia e do Ducado da Baviera. No pátio interior há a fonte Liendl (Liendlbrunnen) de 1555, que antigamente encontrava-se na Residenzplatz. O complexo actual da Câmara salão actual decorreu ao longo do tempo resultado de oito construções. No sul, a Câmara Municipal resultou do antigo Palácio Kuenberburg, que foi construído em 1680-82 por Bartolomeu Opstal e tectos interiores de gesso sao obra de Paolo d’Allio.
A torre de 38 metros de altura foi adicionada entre 1889 e 1892 por Heinrich Freiherr von Schmidt para substituir a torre anterior demolida em 1811. Foi originalmente construída  com um telhado pontiagudo, que foi demolido em 1938 devido ao mau estado. Em 1991 foi instalada na Torre um carrilhão automático com 23 sinos, que pode ser usado desde 2007 como um instrumento ao vivo.

O salão da câmara municipal é acessível através de uma escadaria gótica de 1446. O salão  depois do grande incêndio, foi criado por Carlo Lurago e Giovanni Battista Carlone. A pintura colossal no “grande salao”, mostra a entrada de Kriemhild na cidade de Passau e o casamento do imperador Leopoldo I com  Eleonore de Pfalz-Neuburg, em 1676, e as restantes duas pinturas no salões foram criadas pelo pintor Ferdinand Wagner entre 1887 e 1893. O “grande salão da Câmara”  serve principalmente como um elegante local para eventos. O “pequeno salão” é usado para registo de casamentos e como sala de reuniões do conselho da municipal.

Passau entre igrejas e a Residencia

Passau, como muitas outras cidades na Alemanha, possui várias igrejas próximas umas das outras, sendo estas algumas das principais atracções turísticas da cidade.

O mapa do centro histórico de Passau contribui para evidenciar isso mesmo.

Passau - mapa turistico

Antes da Catedral de St. Stephan (10), descrita no artigo anterior, visitei a Igreja paroquial católica de S. Paulo (Stadtpfarrkirche St. Paul) (11).

Passau - Igreja de St Paul - exterior

Igreja Paroquial (1770), foi erguida inicialmente em 1050. É a Igreja Matriz para a nova catedral (depois de 1803), e para as igrejas de St. Nikola, St. Anton e parcialmente St. Konrad (Hacklberg).

Igreja Paroquial de São Paulo, é a antiga igreja dos cidadãos da cidade. Foi reconstruída pelo arquitecto barroco italiano Carlo A. Carlone após um incêndio em 1662. Trata-se de uma igreja com uma única torre. A torre original foi removida em 1950 por causa do alegado abandono e apenas cerca de um terço da sua altura original foi reconstruída.

Na escadaria para a Igreja encontra-se a Capela de Santa Maria, ex-capela do Corpo de Cristo.

No interior, sobressaem dos altares e pulpito negros, a talha dourada, assim como as paredes coloridas brilhantes. O altar-mor é de cerca de 1700 e possui uma pintura de Franz Tamm, que mostra a decapitação do Apóstolo Paulo. Os altares laterais e o púlpito são de 1678-1689. A pintura da Lamentação de Cristo (1689) é uma obra de Michael Rottmayr. O estuque austero foi instalado em 1909.

Passau - Igreja de St Paul - interior

Passando pela praça onde fica a Catedral, a Domplatz, em direcção à Residenzplatz, por traz da catedral, na mesma encontra-se o Museu do Tesouro da Catedral (8), na nova residência do Bispo.

Esta nova residência é um palácio construído no início do século XVIII pelos arquitectos Domenico d’ Angeli e Antonio Beduzzi. Nele são apresentados os tesouros da antiga Passau, quando era a capital da maior diocese do Sacro Império Romano. Salientam-se em particular as suas escadarias rococó e o fresco “Os Deuses do Olimpo a adorar a cidade eterna de Passau”.

Passau - Domplatz - entrada lateral Nova Residencia do Bispo

Passau - Residenzplatz - Nova Residencia do Bispo

A fonte na Residenzplatz, denominada de fonte Wittelsbach foi criada em 1903 para comemorar o 100 º aniversário de Passau pertencer à Baviera. A fonte em estilo barroco, foi construído segundo um projeto do escultor de Munique Jakob Bradl. No local já havia uma fonte mas esta foi danificada alvo das intempéries.

A fonte actual possui uma estátua de Maria colocada no cimo da coluna existente na parte central da bacia da fonte octogonal. Três anjinhos na grinalda colocada aos seus pés dominam a fonte. Maria é apresentada como Rainha do Céu e a padroeira da Baviera. Os três anjos simbolizam os três rios de Passau (Danúbio, Inn e Ilz): As espigas no cabelo do Danúbio são as áreas mais férteis do estado da Baviera, através das quais o Danúbio passa. No anjo que representa o Ilz encontram-se pérolas nos mexilhões ligados à coroa de cabelo. A figura do terceiro anjo simbolizando o Inn, é representada sob a forma de um pirralho da Baviera com o chapéu tirolês.

Passau - Residenzplatz - fonte Wittelsbacher

A visita exploratória pela cidade, levou-me a seguir até Igreja jesuíta de St. Michael (5), localizada na Schustergasse 14.

A igreja de São Miguel (também conhecida como Igreja estudantil ou Igreja Jesuíta),  foi edificada em fins do século XVI e era a igreja do antigo Colégio dos Jesuítas de Passau. Actualmente é parcialmente uma igreja paroquial da catedral e também uma igreja estudentil do Ginásio Leopoldinum. A igreja é agora propriedade do Estado da Baviera.

Passau - Igreja de St Michael - fachada exterior

Não pude visitar o seu interior pois a mesma encontrava-se fechada quando passei por lá.

A ultima das igrejas que visitei no centro histórico de Passau foi o Convento de Niedernburg (4), antiga abadia do mosteiro beneditino e hoje das damas inglesas. pertencente à diocese de Passau.

Passau - Kloster Niedernburg

O mosteiro foi fundado em 739 por Agilolfinger (Duque Odilo ou Tassilo III da Baviera). Em 1010 o Niederburg recebeu de Henrique II a imediatidade imperial. No século XI foi o pilar da basílica românica de Santa Cruz. Em meados do século XI a abadessa Gisela da Baviera, irmã do Imperador Henrique II e viúva do rei húngaro Stephen, o santo foi aqui sepultada. No século XII foi construído como um segundo edifício sagrado, uma Igreja mariana.

O mosteiro Niedernburg foi doado em 1161 por Friedrich I. Barbarossa ao arcebispo de Passau Konrad I de Babenberg, que havia perdido uma vez mais os seus privilégios imperiais. O seu sucessor Wolfger von Erla recebeu do imperador Heinrich IV em 1191 os direitos fiscais do rei direitos de bailiado para Niederburg o que permitia que a propriedade do mosteiro do Bispado de Passau e a vasta terra do mosteiro formavam a base económica para a diocese de Passau.

A abadessa foi deposta por Wolfger e foi colocada no comando do mosteiro uma deã.
No século XV o túmulo de santa Gisela foi reverenciado como o destino de muitos peregrinos húngaros. Por volta de 1500, a então Deã Ursula von Schönstein foi novamente elevada à categoria de abadessa pelo Papa Alexandre VI.

Em 1583 o príncipe-bispo Urban von Trennbach abriu o acesso do convento às filhas da burguesia.

Os dois incêndios devastadores de 1662 e 1680, respectivamente, destruíram o mosteiro. Os Edifícios da Igreja de Santa Cruz e e convento foram reconstruídos rapidamente. Em 1780 foi estabelecida uma escola para meninas no Niederburg.
O mosteiro foi dissolvido em 1806 com a secularização. Em 1815 o mosteiro foi convertido numa instituição correccional e de emprego da polícia, em 1822 num manicómio  e em 1826 alojou uma casa para surdos.

O Bispo Karl Joseph von Riccabona em 1836 estabeleceu o convento Niedernburg de damas inglesas,  o “Ginásio-Gisela”, a “Escola Secundária Gisela” e uma casa do estudante.

Passau - Kloster Niedernburg - interior

Catedral de St. Estevão em Passau

Em Passau um dos locais incontornáveis a visitar é a sua catedral, a Dom St. Stephan (Catedral de St Estevão), assinalada pelo numero 10 deste mapa.

Passau - Catedral de St Estevao - Dom St Stephan - exterior

A Catedral situa-se no ponto mais elevado do centro histórico da cidade, na Zengergasse, em frente à Domplatz (Praça da Catedral)

Esta Catedral é a igreja mãe do Danúbio Oriente. Por volta do ano 450, é confirmada a existência de uma igreja em fins da antiguidade, na cidade Batavis (nome latim que mais tarde deu origem a Passau). A Igreja Episcopal é mencionada pela primeira vez em 730 e desde 739 é Catedral da Diocese. Até ao estado actual do edifício podem distinguir-se cinco períodos: A Igreja Episcopal agilolfinga (de uma dinastia nobre da Baviera) em 720, a catedral do gótico inicial, construída entre 1280-1325, a do gótico tardio da parte oriental (1407-1560) e do edifício barroco, construído entre 1668 e 1693. O fogo da cidade de 1662 deixou os primeiros quatro períodos de construção sem vestígios visíveis. Foi preservado na parte oriental do exterior o gótico tardio.

A reconstrução envolvendo as restantes partes do edifício foi encomendada ao famoso arquitecto barroco italiano Carlo Lurago. Todo o interior com o seu trabalho de estuque exuberante e as estruturas do altar-mor barroco italiano foram obra do Giovanni Battista Carlone. Os frescos foram criados pelo mestre italiano Carpoforo Tencalla. Foi o maior interior de igreja barroca a norte dos Alpes e a mais importante igreja barroca de estilo italiano em solo alemão. A decoração da catedral de Passau tornou-se a tendência durante décadas para o espaço de arte do Danúbio à frente dos Alpes.

Passau - Catedral de St Estevao - Dom St Stephan - frescos e estuques

O púlpito dourado, um trabalho magnífico, foi criado em 1726, em Viena.

Passau - Catedral de St Estevao - Dom St Stephan - Pulpito dourado

Para as pinturas dos retábulos dos 10 altares foram contratados proeminentes artistas alemães desse tempo.

Passau - Catedral de St Estevao - Dom St Stephan - altares laterais

O moderno alto altar, com o apedrejamento do patrono da igreja St. Estevao, foi criado em 1952, pelo escultor de Munique Professor Josef Henselmann, bem como o altar-mor em 1961.

Passau - Catedral de St Estevao - Dom St Stephan - alto altar

Nos anos 1972-80, houve uma grande renovação do interior com um arranjo contemporâneo do presbitério. O Coro gótico é restaurado desde 1928 pelo Staatliche Dombauhütte de Passau (Associação estatal de construção da catedral).

O prospecto do órgão grande da catedral, com as suas 5 obras para órgão, foi criado por JM Götz.

Com 17974 tubos de órgão, 233 stops e 4 carrilhões, o órgão da catedral é o maior órgão de catedral do mundo. As cinco partes do órgão podem ser tocadas do teclado principal, uma de cada vez ou todas juntas, oferecendo ao visitante um prazer acústico inesquecível.

Passau - Catedral de St Estevao - Dom St Stephan - orgao

Muitos outros pormenores na catedral também não me passaram despercebidos.

Passau - Catedral de St Estevao - Dom St Stephan - um pouco mais do interior

Uma catedral que realmente merece uma visita…

Na confluência de três rios

Passau é uma cidade no sudeste da Alemanha, que pertence ao estado da Baviera e que se encontra próxima da fronteira com a Áustria. Dista cerca de 191 km da capital da Baviera, Munique, quando se opta pelo percurso com maior cobertura por autoestrada, e que equivale a 2h11 segundo o site da Via Michelin.

Passau - Localizacao relativa da cidade

Mas o que melhor define esta cidade, é a mesma ficar localizada na confluência de três rios, o Inn, o Danúbio e o Ilz.

Passau - cidade de tres rios

O Rio Inn, tem a sua origem nos Alpes suíços, a oeste de St. Moritz, na região de Engadin. Atravessa a Suíça, a Áustria e a Alemanha e tem 517 km de extensão. Durante a parte final do seu leito, serve como fronteira entre a Áustria e a Alemanha. É na cidade de Passau que desagua no Danúbio. Apesar do Inn possuir um maior fluxo médio que o Danúbio quando confluem, e a sua bacia hidrográfica conter o Piz Bernina  (montanha mais alta dos Alpes orientais com 4049 m de altitude), também o ponto mais alto da bacia do Danúbio, o Inn é considerado um afluente do Danúbio, que tem um comprimento maior, drena uma área de superfície maior, e tem um fluxo mais consistente.

O Rio Danúbio, é o segundo maior rio da Europa, depois do rio russo Volga. Classificado como uma via navegável internacional (2488km do rio são navegáveis), é originário na cidade de Donaueschingen, na Floresta Negra, Alemanha, na confluência dos rios Brigach e Breg. O Danúbio, possui 2857 km de extensão, e desde a sua nascente flui para sudeste, passando por quatro capitais da Europa Central (Viena, Budapeste, Belgrado, e Bucareste via rio Dâmbovița, que desagua no rio Argeș seu afluente) antes de desaguar no Mar Negro através do delta do Danúbio, na Roménia e Ucrânia. O rio passa por ou toca as fronteiras de dez países: Roménia (29,0% da área da bacia), a Hungria (11,6%), Sérvia (10,2%), Áustria (10,0%), Alemanha (7,0%), Eslováquia (5,9%), Bulgária (5,9%), Croácia (4,4%), Ucrânia (3,8%) e Moldávia (1,6%). A bacia de drenagem estende-se para mais nove países (Bósnia e Herzegovina, República Checa, Eslovénia, Montenegro, Suiça, Itália, Polónia, Republica da Macedónia e Albânia).

O Rio Ilz, muitas vezes referido como “a pérola negra” – tem a sua fonte nas duas montanhas da Baviera Rachel e Lusen que estão perto da fronteira da Boémia. Possui uma extensão de 65 km, abrangendo uma diferença de altitude de 1.000 metros, desde a sua fonte até onde se junta ao rio Danúbio, em Passau. Sua área de influência é de aproximadamente 850 km². Devido ao seu leito de granito duro, a água do Ilz é muito macia, contendo quantidades muito baixas de cálcio.

Este é o mapa de Passau com as principais atracções turísticas assinaladas, retirado do site oficial da cidade.

Passau - mapa turistico

De um ponto sobranceiro à cidade pode-se vislumbrar uma paisagem efectivamente magnifica, tendo o curso dos rios um grande protagonismo.

Passau - paisagem panoramica

Percorrer o Danúbio, fazendo um cruzeiro pode ser uma das formas de passar por esta cidade. E se optar por um cruzeiro, porque não viajar no Kristallschiff Donau e tornar a viagem ainda mais memorável. Encontrei-o ancorado em Passau quando visitei a cidade.

Kristallshiff Donau é um barco da MS Donau que em 2006/2007 foi reconstruído em Linz, renovado e decorado, em grande medida, com vários milhões de pedras de cristal da Swarovski. Após a sua conclusão, o “cristal flutuante” foi baptizado a 07 de Maio de 2007, em Passau com nome de “Barco de Cristal do Danúbio”. Possui uma capacidade máxima para 600 pessoas e o porto base é Passau.

Passau - Kristallshiff

Desde então, foram criados outros barcos de cristal, como o Kristallkönigin (Rainha de Cristal – capacidade 600 pessoas, porto base Regensburgo) e o Kristallprinzessin (Princesa de Cristal – capacidade 300 pessoas, porto base Regensburgo).

Caso queiram realizar uma viagem num destes barcos, podem obter informações aqui:

Donauschiffahrt Wurm & Köck
Höllgasse 26
94032 Passau
Tel. 0851/929292
Fax 0851/35518

A cobertura do Danúbio por esta companhia de navegação é entre Regensburgo e Viena, e aqui encontram o catálogo com o programa das viagens possíveis.

Passau - viagem de barco - cobertura de navegacao

No artigo seguinte começarei a explorar a cidade em si…

Três dias depois…

O muito aguardado filme “Ritter Rost – Eisenhart und voll verbeult“, estreou na passada quinta-feira, dia 10 de Janeiro, nos cinemas alemães.

O meu três palmos estava há muito ansioso para poder ver este filme no cinema. Tal era bastante compreensível, afinal o Ritter Rost tinha sido o tema dos festejos do seu ultimo aniversário com os amigos. Ele já tinha assistido ao trailer do filme nas ultimas vezes que foi ao cinema.

No passado domingo, dia 13, fui então com ele e dois dos seus amigos ao cinema ver esse filme.

A história é previsivelmente bastante infantil, dirigida para o seu publico alvo principal.

As personagens são já bastante familiares e conhecidas, para quem conhecer o Ritter Rost, através dos seus livros musicais, musicais ou peças de teatro, como é o caso do meu três palmos e dos seus amigos.

… E uma vez mais, depois de todas as peripécias, e do Ritter Rost “meter os pés pelas mãos”, no fim é o herói que salva a Bö e o reinado do pérfido, galante e aparentemente perfeito Prinz Protz.

Reafirmo, o filme é muito engraçado, possui algumas musicas conhecidas de outras histórias do Ritter Rost e agrada imenso às crianças.

Não posso dizer que não gostei do filme, porque efectivamente gostei, mas em termos da história em si, para quem já conheça outras desta colecção, é impossível desligar-se de alguns conhecimentos prévios.

Eu já sabia que o Prinz Protz não era exactamente como aparentava ser à primeira vista. Ele na história Ritter Rost und Prinz Protz, já tinha ludibriado a Bö para o seu imaculado castelo, com o intuito de se casar com ela. Ela já se tinha sentido presa por ele e ao procurar uma forma de se libertar e sair do castelo, já tinha descoberto muitas outras damas encarceradas numa sala, a quem ele tinha prometido o mesmo.

Não fazia sentido que com este conhecimento prévio da vivência relatada num livro anterior ela voltasse a cair na armadilha. Ela comporta-se como se não o conhecesse.

A história reflectida no filme antes parece ser algo independente, que vai buscar ideias a livros anteriores, mas que vive numa realidade paralela como se as histórias retratadas nos outros livros não fizessem parte do passado vivido pelas personagens.

Tal para mim não faz muito sentido, talvez por lhe atribuir falta de lógica temporal nas narrativas.

Eu sei que no reino da imaginação e da fantasia tudo é possível e válido, tudo depende das premissas assumidas. O meu três palmos ignorou por completo os conhecimentos passados ao assistir a este filme, e eu deveria ter feito o mesmo, e apreciado o filme apenas pela história que narra.

O meu três palmos saiu da sala de cinema muito entusiasmado e contente com a história, afinal, como deve ser sempre, o bem  triunfou e tudo acabou no seu devido lugar…

Resumindo, o meu objectivo foi plenamente concretizado: o meu três palmos foi assistir a um filme que queria imenso e adorou-o, o resto são pormenores sem importância.