Em terras da “Mary, Queen of Scots”

As férias da Páscoa 2017 começaram demasiado cedo, para quaisquer padrões convencionais, uma vez que o voo entre Munique e Edinburgo estava marcado para as 5:55 de manhã. Como se tratou de um voo directo, não houve atrasos dignos de referência, a chegada ao aeroporto de Edinburgo foi registada cerca das 7:20, hora local.

O aeroporto de Edinburgo, tratando-se do aeroporto da capital do país, admito que o esperava com maiores dimensões e melhores infraestruturas, nada comparável com o de Munique por exemplo. Suponho que seja reflexo do nível de afluxo diário de voos e passageiros, que ambos possuem, que justificará em parte essa diferença. Com isso não pretendo dizer, que se trate de um aeroporto rudimentar, ou que tenha sido complicado e demorado sair do mesmo, muito pelo contrário.

Aeroporto de Edinburgo

Com as malas despachadas já em nossa posse, o passo seguinte foi encontrar o balcão  de atendimento da Sixt, onde tinhamos previamente feito o aluguer de uma viatura. Aí o atendimento foi bastante expedito e agradável, conforme os padrões esperados. Houve mesmo um upgrade da viatura oferecida, o que é sempre agradável, e acabamos por saír do aeroporto com um Mercedes-Benz Classe C novo.

Auto - Sixt

Os planos para o primeiro dia na Escócia, não envolviam ficar na capital do país, antes rumar em direção à capital das Terras Altas escocesas (Highlands), mas não necessariamente optar pelo caminho mais directo para lá chegar.

A minha proposta implicava várias paragens durante o percurso, com o objectivo de explorar algumas atrações turísticas. Claro que à priori eu acho sempre que o tempo é elástico, que nós somos imunes ao cansaço (consequência de termos madrugado), e que por isso conseguimos visitar mais do que é humanamente possível.

O resultado final ficou bastante aquêm das minhas expectativas iniciais, mas no computo geral, ainda assim, diria que foi um sucesso. O mapa seguinte, “cortesia” do Google maps, ilustra os locais, no percurso, que efectivamente visitamos.

Primeiro dia na Escócia - mapa

O primeiro local onde paramos foi em Linlithgow. O motivo era simples, pretendia visitar o Palácio onde a Rainha Mary Stuart nasceu, o Palácio de Linlithgow.

O dia digno de Outono e não de Primavera, não nos impediu de desfrutar da agradável paisagem do Palácio e Igreja Paroquial de St Michael, avistada junto ao lago com nome homónimo.

Palácio de Linlithgow 1

Palácio de Linlithgow

O caminho de acesso principal ao Palácio, é feito passando primeiro por uma praça com a Cruz e seu icónico Poço no centro, local central da cidade onde se realizam mercados, cerimónias publicas e anúncios.

O edifício com uma torre de relógio, à esquerda do Poço na foto abaixo, foi outrora o edifício Municipal da cidade, construido entre 1668-70 por John Smith, baseado nos planos de John Mylne, Mestre Masson  de Charles I e Charles II. Actualmente é um Centro de Artes da Comunidade denominado de Burgh Halls.

Linlithgow 2

Poço da Cruz,  Antigo Edifício Municipal – Burgh Halls

Continuando pelo Kirkgate chega-se ao portão do Palácio, com os brasões que registram a linha real de sucessão. O Portão data de cerca de 1535, e os quatro paineis esculpidos e pintados representam as ordens de cavalaria transmitidas por James V – o Velo de Ouro, São Miguel, a Jarreteira e o Cardo.

Linlithgow 3

Imediatamente depois de se passar pelo portão do Palácio, encontra-se a Igreja Paroquial de S. Miguel.

A igreja foi consagrada em 1242, mas sofreu um fogo em 1424 e foi reconstruida pouco depois na sua forma actual. Em 1821 perdeu  a sua coroa de pedra do século XV, a qual foi substituida em 1964 pela actual de alumínio.

Linlithgow 4

Ao lado encontra-se o motivo principal da visita à cidade, o Palácio de Linlithgow.

Linlithgow 5

Uma casa senhorial real foi construida no local do presente palácio, no século XII. O actual edifício quadrado começou a ser construido em 1424 para o Rei James I e foi concluido após dois séculos. James V nasceu neste palácio em 1512 e Mary, Rainha dos Escoceses, em 1542.

O Parlamento Escocês encontrou-se no grande salão em diversas ocasiões, sendo que a ultima foi em 1646. O Palácio foi fortificado e ocupado durante 1650-59 por Oliver Cromwell, e eviscerado pelo fogo em 1746 depois da ocupação pelos soldados do Duque de Cumberland e permaneceu sem telhado desde então.

Actualmente encontra-se em ruinas, e por isso a visita que fizemos ao mesmo foi curta que o inicialmente previsto. A estátua no jardim é da Rainha Mary.

Palácio de Linlithgow 3

Onde despendemos mais tempo, foi a explorar a loja do Palácio. Aí adquiri um livro sobre os Castelos escoceses “Scottisch Castles & Fortifications” e um postal.

Linlithgow Palace

Depois de Linlithgow, o destino seguinte foi Stirling onde havia um castelo que queria impreterivelmente visitar, o Castelo de Stirling.

Ao contrário do anterior, este não se encontra em ruinas e tem muito mais para visitar.

Stirling Castle_0001

Como o castelo fica no cimo de um rochedo, a paisagem avistada do mesmo é magnifica, e o Monumento Wallace, à distância, destaca-se indiscutivelmente tornando-se incontornável.

Wallace Monument avistado do castelo de Stirling

O magnificente Castelo de Stirling dominou a história escocesa durante séculos, e permanece como um dos melhores exemplos da arquitectura renascentista na Escócia.

O edifício actual remonta aos séculos XV e XVI e foi defendido contra os Jacobitas em 1746. Entre 1881 e 1964 foi usado como um depósito para recrutas dos Highlanders de Argyll e Sutherland (Regimento de Infantaria), mas agora não serve quaisquer funções militares.

Gerações de monarcas escoceses, ampliaram, adaptaram e embelezaram o castelo durante séculos. O Palácio Real foi a casa de infância da Mary, Rainha dos Escoceses.

Não faltavam assim motivos, para este castelo ter caído no meu radar de castelos que queria visitar.

O mapa seguinte, retirado do site oficial do castelo, ilustra o quanto há para explorar no Castelo de Stirling.

Stirling Castle Map

E incontornavelmente, a visita exploratória começa passando pela entrada principal. Depois de apreciar as vistas e a estátua de Roberto I, embainhando a sua espada após a Batalha de Bannockburn em 1314.

Castelo Stirling 1

Depois de adquiridos os bilhetes, claro que visitei a loja do pátio, mas como se pode ver pelo mapa, essa não é a única loja nas instalações.

Após o controlo dos bilhetes encontra-se do lado esquerdo o acesso ao jardim da Rainha Anne, e do lado direito o Café Unicórnio (algo que despertou muito mais o interesse do meu “5 palmos”).

Castelo Stirling 2

Já o Esporão Francês com os seus canhões, fica por cima do Café, e do mesmo também se pode desfrutar de uma paisagem fantástica.

Castelo Stirling 3

E depois de apreciar a paisagem, eis que finalmente atravessamos o portão com as duas torres laterais circulares e chegamos ao pátio exterior.

Antes de visitarmos os Edifícios reais propriamente ditos, optamos por visitar primeiro a Cozinha, e a exposição de Tapeçarias.

Achei particularmente interessante na cozinha todo o ambiente encenado que parecia muito autêntico.

Castelo Stirling 4

Já a exposição de tapeçarias ajudou-me a perceber melhor o porquê do logótipo do Castelo ter um Unicórnio, uma vez que o tema das tapeçarias conta a história da Caça de um e qual o seu simbolismo. (As tapeçarias ilustradas nos placares, essas estão nas paredes das salas do Castelo.)

Castelo Stirling 5

De regresso agora ao Pátio Interior, as fachadas dos vários edifícios que o envolvem, evidenciam que não foram construidos simultaneamente, ambos foram resultado de ampliações sucessivas, pelos diferentes estilos e materiais usados.

Castelo Stirling 6

O Grande Salão (edificio com as fachadas exteriores pintadas de amarelo pálido, oficialmente, dourado real) foi concluido para James IV em 1503 e é o maior deste tipo alguma vez construido na Escócia. Foi usado para festas, danças e concursos e possui grandes janelas do lado onde se sentam os reis à mesa.

Castelo Stirling 7

Através de uma porta lateral ao fundo do salão, acede-se directamente ao edifício do Palácio Real. Trata-se de uma autêntica viagem no tempo, à época do reinado de James V, da infância da  Mary Stuart e da realeza do século XVI.

Além das divisões incrivelmente bem conservadas, tratadas e magnificamente decoradas, o que mais me agradou foram as personagens vestidas a rigor de acordo com época, com as quais podiamos interagir, e descobrir por essa via pormenores sobre as vivências, intrigas e acontecimentos da corte da altura.

Castelo Stirling 8

O terraço conhecido como Posto de Observação das Senhoras, como o próprio nome sugere, era usado pelas damas da corte para apreciarem a paisagem circundante. Acede-se ao mesmo através de uma porta do palácio para o exterior.

Castelo Stirling 9

Depois do palácio seguiu-se a visita ao Museu do Regimento, algo que confesso despertou mais o interesse e atenção do meu marido do que o meu.  Pessoalmente o que eu achei mais piada foi apreciar os Kilts e outros acessórios que constituem a indumentária típica e tradicional escocesa.

Castelo Stirling 10

Por fim, visitamos a Capela Real, o ultimo dos edificios reais erguidos no Castelo. Construida em apenas sete meses, por ordens de James VI que queria um local adequado para o baptismo do seu filho e herdeiro Principe Henrique. Data de 1593-4 e foi uma das primeiras igrejas protestantes na Escócia.

 

Castelo Stirling 11

A visita à descoberta deste castelo e de muitos dos seus recantos, agradou-me imenso, mas era chegada a altura de continuar viagem em direcção a Inverness.

Desta vez sem mais paragens previstas no percurso, pois o cansaço tinha-se apoderado dos “turistas” que madrugaram, e que só desejavam a paragem final, aquela que os levaria ao quarto do hotel.

A viagem exploratória pela Escócia continuou no dia seguinte por outras paragens…

Normandia – Ponta du Hoc

Ponta du Hoc foi o ultimo dos locais, que o meu marido visitou na Normandia, ligado ao dia D, 6 de Junho de 1944.

Ponta du Hoc - placa sinalizadora e informativa

“Localizada poucos quilómetros a leste do pequeno porto de pesca de Grandcamp, onde as falésias formam um promontório que se eleva 30 metros acima de uma praia estreita de calhaus. Neste local particularmente favorável, os alemães construíram uma bateria de artilharia pesada capaz de arrecadar uma grande extensão de costa. Ela representava uma grande ameaça para as duas praias onde as tropas americanas iam desembarcar: a oeste a praia de Utah, e a leste a de Omaha.

Ponta du Hoc - placa com mapa em alto relevo

Ponta du Hoc - Layout Top Secret

Conscientes do perigo representado pelas armas na Ponta du Hoc, os estrategistas aliados resolveram destruir a posição. Embora os bombardeios aéreos tivessem aumentado ao longo das semanas que antecederam o dia D, ninguém estava certo se a  bateria tinha sido neutralizada. Como medida de precaução, foi tomada a decisão de atacar a posição na madrugada do dia D, enviando um comando por mar para escalar o penhasco usando cordas e escadas.

Esta perigosa missão foi confiada ao Segundo Batalhão de Rangers, sob o comando do Coronel James E. Rudder. Levados para a praia em barcaças, os homens das Companhias D, E e F conseguiram a incrível façanha de alcançar a falésia em questão de minutos, apesar da face da rocha escorregadia, das cordas encharcadas com água do mar e de terem sido alvo de tiroteio dos defensores. No topo, no que se assemelhava a uma paisagem lunar, cheia de marcas de crateras, seguiu-se uma luta feroz que resultou na perda de mais vidas do que durante a própria subida.

Ponta du Hoc - aproximacao à praia 1

Ponta du Hoc - aproximacao à praia 2

A maior surpresa estava reservada para os Rangers quando descobriram que enormes vigas de madeira foram substituídas por armas de fogo. Para se manterem seguros, os últimos foram retirados da sua posição em Abril e mudaram-se para o interior.

Ponta du Hoc - Uma especie de bunker protector

Ponta du Hoc - Uma especie de bunker protector - pelo interior

Eles foram descobertos por uma patrulha americana, que os colocou fora de acção ao sabotar as suas culatras com explosivos.
Os homens do Coronel Rudder tiveram a seguir que suportar muitas horas terríveis. Cercados na Ponta du Hoc sem quaisquer reforços, e submetidos aos contra-ataques alemães de todos os lados, só foram aliviados a 08 de Junho, cerca do meio-dia, pelo avanço das tropas de Omaha. Dos 225 Rangers que embarcaram nesta insana aventura, apenas 90 ainda eram capazes de lutar, e cerca de 80 dos seus companheiros perderam as vidas neste cantinho da Normandia.” (texto traduzido e adaptado daqui)

Ponta du Hoc - proteccao à praia 1

No fim do dia ainda houve tempo para descer de altitude e visitar a praia designada pelo código de Omaha, e apreciar o memorial dedicado aos bravos soldados que aí desembarcaram.

Praia de Omaha

Para saberem todos os pormenores sobre o dia D e a Batalha da Normandia, o site ideal a visitarem é o Normandie Mémoire.

Na Normandia – Bayeux

Normandia - mapa com Praias da Invasao no dia D

Depois da Praia de Arromanches, o local visitado seguinte foi a cidade de Bayeux, onde se encontra o Museu Memorial da Batalha da Normandia.

Mas uma vez mais, Janeiro não é o mês ideal para visitar a Normandia, caso o motivo principal esteja relacionado com a Batalha da Normandia de 1944. Este museu também está fechado durante o mês de Janeiro e até 15 de Fevereiro de 2013.

“O Museu apresenta a história completa da Batalha da Normandia correspondente ao período de 7 de Junho e 29 de Agosto de 1944. Possui um espaço de exposição de 2000 m² e a projecção de um filme de arquivo com 25 minutos. Uma loja e uma sala de exposições temporárias completam a evocação deste período” (tradução livre do texto retirado daqui).

Assim o meu “marido repórter” teve que se cingir a vislumbrar o edifício do Museu apenas pelo seu exterior.

Bayeux - Museu Memorial da Batalha da Normandia

Pelo menos os tanques de guerra com os canhões, estavam expostos no jardim exterior…

Para saberem todos os pormenores sobre o dia D e a Batalha da Normandia, o site ideal a visitarem é o Normandie Mémoire.

D-day na Normandia – Arromanches les Bains

O meu marido realizou recentemente uma viagem a trabalho à Normandia. Na altura perguntou-me se havia algo que eu quisesse que ele me trouxesse de lá.

A resposta não foi nada difícil, e foi acompanhada pela entrega nas suas mãos da máquina fotográfica do nosso três palmos. Sim, porque eu ando sempre acompanhada pela minha máquina fotográfica para onde quer que vá, e seria impensável ficar sem ela durante 15 dias…

O que eu queria que ele me trouxesse, era a sua reportagem fotográfica e vivência dos locais que escolheria visitar durante o seu fim-de-semana na Normandia. Ele escolheu sobretudo áreas costeiras, praias ligadas à história que contribuiu para o fim da Segunda Guerra Mundial.

O fim-de-semana de Janeiro revelou-se bastante chuvoso e frio, mas isso não o demoveu de visitar os locais que pretendia.

Este é um mapa que ilustra invasão pelas tropas aliadas em várias frentes no dia D, dia 6 de Junho de 1944, da costa francesa da Normandia na posse das tropas alemãs.

Normandia - mapa com Praias da Invasao no dia D

O primeiro local visitado foi Arromanches, uma das praias centrais no dia D, integrada no sector atribuído aos XXX corpos britânicos, com o nome de código Gold.  “A leste de Arromanches, os penhascos dão lugar a uma baixa altitude litoral, pantanosa, e foi lá, na frente de Asnelles e Ver-sur-Mer, que o general Graham da 50ª divisão de infantaria (Northumbrian) liderou o assalto. Eles desembarcaram às 7h25, uma hora mais tarde do que os americanos, devido às diferenças locais em tempos de maré.” (texto traduzido e retirado daqui)

Normandia - Praia de Arromanches

Para não se diluírem na memória os eventos que ocorreram na Normandia em 1944, persistem junto à praia alguns canhões.

Normandia - Praia de Arromanches 2

E nas imediações da praia, construído com vista para onde um dos portos artificiais Mulberry foi erguido, e cujos seus restos podem ser vistos ainda hoje, a poucas centenas de metros da costa, encontra-se o Museu do Desembarque. Um museu que é justamente acerca do dia D, 6 de Junho de 1944. Inaugurado exactamente 10 anos depois dos eventos que aborda.

Normandia - Arromanches - Museu du Debarquement

Mas em Janeiro a visita a este museu não é possível, já que o mesmo se encontra fechado e só reabre em Fevereiro.

Assim teve que se limitar a observar e ler o que do exterior se podia vislumbrar.

Normandia - Arromanches - Museu du Debarquement - informacao exterior

Para saberem todos os pormenores sobre o dia D e a Batalha da Normandia, o site ideal a visitarem é o Normandie Mémoire.

Muito obrigada pelas fotografias e a “reportagem” da tua visita exploratória a Arromanches, meu querido economista ocasional.

Ludwig II

A época natalícia é uma das mais propícias para a estreia de muitos filmes no cinema.

Os filmes não têm que necessariamente estar subordinados ao tema das festas natalícias e/ou ano novo. Mas muitos recorrem a efemeridade dessa época, à fantasia, a temas leves e propícios a toda a família.

Talvez também por isso, no dia 26 de Dezembro, auge desta época natalícia, estreia na Alemanha um filme que combina os géneros biográfico, histórico e drama, baseado na vida do rei da Baviera, tantas vezes apelidado como o Rei Cisne ou Rei dos Contos de Fadas, Ludwig II

O filme tem o mesmo titulo, Ludwig II e retrata a vida deste Rei considerado excêntrico, e quiçá mesmo louco, em parte desligado da realidade e dedicado a promover a arte e a arquitectura, legados ainda hoje reverenciados por muitos. O expoente máximo desse legado é o seu Castelo de Neuschwanstein, símbolo da Baviera e famoso mundialmente.

Neste filme além da personagem central, muitas outras são conhecidas da generalidade, como é o caso do compositor Richard Wagner, da Imperatriz da Áustria Elizabeth (conhecida por Sissi), além de alguns príncipes e outros réis. Alguns também conhecerão Sophie Charlotte Augustine, a irmã mais nova da imperatriz Elizabeth, prima e noiva de Ludwig II.

O filme foi filmado na Alemanha, e tem como alguns dos cenários originais, o  castelo e dois palácios do Rei Ludwig II, além da Residência e cidade de Munique, e por motivos óbvios o Lago Starnberger (pois foi aqui que a morte de Ludwig II, em condições que ainda hoje são um mistério para muitos, ocorreu).

Para mim, o filme ter sido filmado em cenários que conheço pessoalmente, é mais um dos motivos de interesse deste filme.

Aquando da minha visita ao Mercado de Inverno do aeroporto de Munique, estava exposta numa área do MAC-Forum  a carruagem dourada de Ludwig II usada no filme, por certo uma réplica da original que se encontra no Marstallmuseum.

Aeroporto de Munique - Replica de carruagem de Gala de Ludwig II

Os banners publicitários que rodeiam a carruagem são bastante sugestivos e apresentam alguns dos cenários mais emblemáticos do filme, como o são:

Aeroporto de Munique - Banner publicitário do filme Ludwig II - Castelo de Neuschwanstein

Aeroporto de Munique - Banner publicitário do filme Ludwig II - Palácio de Linderhof

Aeroporto de Munique - Banner publicitário do filme Ludwig II - Novo Palácio de Herrenchiemsee

Alem do castelo e palácios, algumas imagens retiradas do site oficial do filme deixam transparecer outro dos locais emblemático usado como cenário do filme.

Filme Ludwig II - Teatro Cuvillies

Como uma Rainha por uma noite no Castelo

Sentir-me rainha por um dia e uma noite na suite real de um castelo. Esse foi o objectivo concretizado, sugerido por um dos tópicos da lista apresentada no artigo de ontem.

O Castelo de Estremoz, convertido na Pousada Rainha Santa Isabel, e a suite especial denominada Suite D. João IV foram os ingredientes necessários para que tal acontecesse.

A Pousada localiza-se no cimo de uma colina com vista privilegiada sobre o centro da cidade de Estremoz e a planície alentejana, no Largo de D. Dinis. Estas são algumas imagens do que se pode vislumbrar à chegada ao dito largo.
Esta é a primeira impressão ao entrar na pousada, com a nobreza das suas escadarias e do salão da recepção.

As origens do castelo não estão totalmente definidas no tempo, mas durante a ocupação muçulmana estes fortificaram a colina onde o mesmo se localiza.

Durante o reinado de D. Sancho II (1223-1248), começaram os trabalhos de reconstrução do castelo. Com o reinado de D. Afonso III (1248-1279), foi outorgado foral à vila em 1258, e manteve-se a reconstrução e reforço das defesas, bem como a construção da cerca da vila. A Torre de Menagem consequência desse facto foi erigida em 1260.

A edificação das muralhas continuaram com o reinado de D. Dinis (1279-1325), monarca que mandou erguer o Paço Real, junto ao castelo.  Foi neste Paço, que faleceu a Rainha Santa Isabel (4 de Julho de 1336). Em vida, esta rainha evitou em Estremoz um eminente embate entre o seu filho D. Afonso IV e o rei Afonso XI de Castela.

A rainha Santa Isabel será sempre associada a uma lenda que contribuiu para a sua imortalização.

Segundo a lenda portuguesa, a rainha saiu do Castelo do Sabugal numa manhã de Inverno para distribuir pães aos mais desfavorecidos. Surpreendida pelo soberano, que lhe inquiriu onde ia e o que levava no regaço, a rainha teria exclamado: São rosas, Senhor!. Desconfiado, D. Dinis inquiriu-a: Rosas, no Inverno? D. Isabel expôs então o conteúdo do regaço do seu vestido e nele havia rosas, ao invés dos pães que ocultara.

Nas paredes da Pousada existem quadros onde esta lenda não é esquecida.

A estadia nesta pousada histórica de Portugal, conhecida com todo o mérito de pousada museu, permitiu-me deambular sem qualquer pressa ou limitações, entre corredores e salas, como se estivesse num museu, mas sem outros visitantes simultaneamente a ocuparem o espaço.

As referencias religiosas nos quadros das salas e corredores são previsíveis atendendo a tratar-se de uma pousada com o nome de uma rainha santa.

Depois de feito o “check-in” na recepção, o recepcionista gentilmente subiu com a mala com o intuito de apresentar a suite. Tal como se de uma visita guiada se tratasse,  fez questão de informar que a peça mais antiga da pousada, cuja origem era anterior ao próprio edifício, se encontrava na nossa suite. Pelo que apenas nós durante a nossa estadia podíamos apreciar a mesma. A noção de alguma exclusividade, admito que teve um “sabor” especial.

A peça em causa tinha sido trazida do Brasil e a imagem seguinte fala por si do que se trata.

Os restantes elementos que compunham a suite contribuíram igualmente para me transpor para outra época e viver com algumas mordomias dignas de uma rainha.

Sala da Suite

Caloroso acolhimento com doces conventuais e fruta da época.

O mármore verde do quarto de banho

O quarto da suite, com especial destaque para a cama com dossel de madeira com as armas reais de Portugal e de Espanha.

A paisagem avistada da suite, também é interessante.

Com um dia de bastante calor em que o termómetro indica temperaturas superiores a 30ºC, como é comum nos dias de Verão no Alentejo, um dos locais que mais apreciei na pousada durante a tarde, foi o que incluía a piscina, e em várias situações, sentir-me rodeada por agua fresca no interior da mesma.

Ao fim do dia, descontrair e apreciar a paisagem exterior, no bar Dão Vasco da Gama tornaram a estadia na Pousada ainda mais agradável.

Um pouco mais da vivência nesta pousada museu fica para o artigo seguinte…

Kehlsteinhaus – o Ninho da Águia

Kelhsteinhaus ou o Ninho da Águia, é uma casa de montanha de Adolf Hitler situada a 1834m de altitude, no topo da montanha Kehlstein.

Localiza-se na região de Berchtesgadener, na Baviera, sendo um dos principais ex-libris dessa região.

A foto seguinte apresenta o esquema das montanhas onde a Kehlsteinhaus se insere.

Encomendada pelo Líder do Terceiro Império alemão, Martin Bormann como um presente de aniversário de cinquenta anos para o líder do Partido Nacional Socialista  Adolf Hitler, a Casa de chá localizada no cume da montanha Kehlstein nos Alpes da Baviera tornou-se um dos destinos turísticos mais populares no sul da Alemanha.

Apesar da casa ter sido construída ostensivamente como um retiro tranquilo para Hitler, e localizar-se a uma curta distância da sua residência mais regular Obersalzberg, o Berghof , o líder nazi apenas a terá visitado poucas vezes, sobretudo devido à sua aversão ao ar rarefeito e seu medo das alturas.

O seu propósito inicial era servir como local de recepção de convidados oficiais.

Talvez pela falta de interesse demonstrada por Adolf Hitler, esta casa de montanha foi poupada aquando da ofensiva aliada, que bombardeou o Berghof e outras propriedades ainda mais para baixo da montanha.

Actualmente a Kehlsteinhaus alberga um excelente restaurante que serve os melhores pratos tradicionais da Baviera, e é o destino de centenas de milhares de visitantes de todo o mundo.

O nome de “Ninho da Águia” talvez se deva à sua localização dada a altura ser propícia para as Águias edificarem os seus ninhos, ou a Adolf Hitler ser considerado a Águia da Alemanha da altura, ou de alguma forma aludir ao facto de no brasão da Alemanha Nazi constar uma Águia. Mas admito que qualquer uma dessas hipóteses possam ser meras conjecturas minhas.

O certo é que a Águia consta desde tempos remotos no Brasão de Armas da Alemanha, apesar de ter sofrido alterações ao longo da história.



Durante os tempos da Alemanha Nazi tal não foi diferente e no brasão dessa época foi absorvido igualmente o símbolo da Águia.

O Túnel e elevador  que permitem chegar ao topo da montanha  são por si mesmos uma obra de engenharia da altura.

A compilação seguinte de fotos ilustra o percurso até ao Ninho da Águia, primeiro a viagem de autocarro pela Kehlsteinstrasse desde a base da montanha até um nível superior, depois o percurso de 124m de túnel no interior da montanha, e finalmente o elevador que faz um percurso ascendente, também de 124 m. São apresentadas igualmente as plantas quer do túnel e do elevador bem como do próprio edifício no topo da montanha Kehlstein.

No edifício, onde muito do interior permanece inalterado desde a altura em que foi construído, é possível vislumbrar alguns pormenores como o fogão de sala com a data de 1938 gravada no fundo do mesmo, e as salas onde actualmente se encontra o restaurante.

As fotos seguintes ilustram a paisagem exterior ao Ninho da Águia.

A ultima compilação de fotos descreve o percurso descendente depois de deixar o Ninho da Águia.

A Rosa Branca…

As rosas brancas são vulgarmente interpretadas como símbolos de amor a Deus, de pensamento abstracto, pureza, silencio, virgindade e paz.

Mas não é propriamente de flores como as rosas brancas que este artigo pretende falar.

Este artigo pretende sim falar de um grupo alemão denominado de Rosa Branca, ou mais propriamente, Weiße Rose (em alemão). Um grupo formado durante a Alemanha Nazi.

A ditadura do Nacional Socialismo e a II Guerra Mundial teve um grande impacto negativo para a LMU (Ludwig Maximilians Universität) de Munique: Professores Judeus e politicamente inaceitáveis foram despedidos, e estudantes viram a sua carreira académica interrompida. A 10 de Maio de 1933 a infame queima de livros em Königsplatz, uma praça próxima da universidade, ofereceu um vislumbre do terror dos dias que se avizinhavam. Essa queimada foi em grande parte organizada pelos alunos da União de Estudantes Alemães (Deutscher Studentenbund).

O grupo Weiße Rose tinha fins não violentos e consistia numa resistência intelectual. Era constituido por estudantes da Universidade de Munique e pelo seu professor de Filosofia, Kurt Huber.

Entre os estudantes encontram-se Hans Scholl, e a sua irmã Sophie Scholl, Alex Schmorell, Willi Graf, Christoph Probst, Traute Lafrenz, Katharina Schueddekopf, Lieselotte (Lilo) Berndl, Jurgen Wittenstein, Marie-Luise Jahn e Falk Harnack.

O grupo tornou-se conhecido por um folheto de campanha anónimo, que publicaram entre Junho de 1942 e Fevereiro de 1943, que pedia uma oposição activa ao regime do ditador Adolf  Hitler.

Os seus 6 membros principais foram presos pela Gestapo (polícia secreta alemã) e foram executados por decapitacao em 1943. O texto do seu sexto manifesto foi contrabandeado por  Helmuth James Graf von Moltke para fora da Alemanha através da Escandinávia até ao Reino Unido e em Julho de 1943 cópias do mesmo foram atiradas sobre a Alemanha por aviões Aliados, re-intitulado de “Manifesto dos Estudantes de Munique”.

Actualmente os membros da Rosa Branca são honrados na Alemanha entre os seus grandes heróis, uma vez que se opuseram ao Terceiro Reich, enfrentando a morte.

Os sete estudantes e o seu professor, todos executados são recordados na Geschwister-Scholl-Platz  (Praça Irmãos Scholl) em frente ao edifício principal da Universidade, na Professor-Huber-Platz (Praça Professor Huber) em frente ao edifício da Faculdade de Direito, e no nome das estradas do zona universitária em Freimann.

Em 1997 o memorial Gedenkstätte Weiße Rose no átrio do edifício principal foi dedicado pelo Presidente alemão Roman Herzog e desde então tem servido para comemorar o grupo de resistência.

Uma curiosidade: O nome do grupo “A Rosa Branca” pode ter tido a sua origem no romance “Die Weiße Rose”, publicado em Berlim em 1929 e escrito por B. Traven, o autor alemao de “O tesouro da Serra Madre”, uma vez que há a hipótese de Hans Scholl e Alex Schmorel terem lido esse romance. Esse romance foi banido pelos Nazis em 1933. O  símbolo da rosa branca também pode ter tido a intenção de representar a pureza e a inocência em face do mal.