O Castelo de Chillon já estava na minha lista dos locais a visitar faz mesmo imenso tempo. Não será assim surpreendente, que este tenha sido o principal motivo para querer passar férias nas imediações do Lago Leman, perto de Montreux.
Saindo do Castelo de Aigle, foi este castelo junto ao lago a minha primeira prioridade a visitar.
As placas sinalizadoras na estrada, anunciando a Riviera de Montreux, fazem uso da sua imagem (e da de Charlie Chaplin, que viveu os últimos tempos em Corsier-sur-Vevey), tal a importância emblemática que têm na região.
Já tinha visto imensas imagens sobre o local, mas aprecia-lo in loco, num dia quente e radiante de Verão, é realmente deslumbrante e indescritível. Não admira que seja uma das principais atracções turística na Suiça, mesmo não faltando muitos outros motivos para visitar a antiga Confederação Helvética.
Eis a sua entrada (1), e é em cima da ponte de acesso (uma ponte do século XVIII que passa por um fosso natural) que está a bilheteira que permite aceder ao interior do castelo.
Depois de adquiridos os bilhetes (fornecem juntamente um prospecto guia) e de atravessar completamente a ponte, ao entrar no complexo do castelo, o que se encontra de imediato é o primeiro pátio (3). Do lado esquerdo a imprescindível loja do castelo (2), localizada numa torre cujo aspecto actual data do século XV, e que permitia defender a ponte e o castelo.
Depois de aí ter adquirido o livro-guia do castelo que facultava informações mais detalhadas, sentia-me munida do necessário para o visitar convenientemente. (Claro que em parte isso é psicológico, pois durante a visita, pouco consultei o livro, tendo-o entregue ao meu inestimável e indispensável acompanhante, afinal andei mais entretida a fotografar tudo o que despertava a minha atenção).
O que é imprescindível é o Plano do Castelo de Chillon, e esse integra tanto o prospecto guia como o livro que adquiri. No plano a que se acede, existe um sistema de cores que simbolizam se a divisão em causa se encontra no rés-do chão ou piso subterraneo, a azul, nos andares superiores, a vermelho, ou se correspondem ao caminho de ronda e ao donjon (torre mais alta do castelo), a verde. Esse mesmo sistema de cores é usado nos números que coloco ao longo deste artigo.
E neste pátio que se acede não apenas à loja mas também às antigas cavalariças e estábulos, que datam da segunda metade do século XVI. É aqui onde se encontra uma maqueta do castelo e se acede ao guiché dos audio guias (4). Contigua a esta na porta ao lado, é onde se encontram os cacifos e uma máquina de refrigerantes e bebidas quentes, com mesas e cadeiras para se poder desfrutar calma e mais confortavelmente das bebidas.
Acedendo ao segundo pátio (12), e entrando pela primeira porta lateral do lado esquerdo acede-se à Sala de Refeições do Castelão (13).
A sala seguinte, no andar por cima, a Aula Nova (14) possuía ao centro uma exposição de arcas, e outros moveis de arrumação.
A sala foi restaurada no século XX e presume-se que tenha sido uma grande sala de aparato do castelão.
O tecto arqueado da sala foi reconstituído entre 1925 e 1926 pelo arqueólogo Albert Naef.
Depois de passada uma antecâmara (15) acede-se ao Quarto Bernense (16). Esta divisão foi usada como quarto na Idade média e continuou a sê-lo durante o período bernense (1536 a 1798). As decorações bernenses pintadas em fundo branco e decoradas com vegetais, frutos e animais datam de inícios do Século XVII.
A este quarto sucede-se um outro, o quarto de hospedes ou Sala Pedro II (17). Esta divisão acolheu os hospedes durante o período saboinano (século XII a 1536). As partes inferiores estão pintadas em grisalha sob fundo branco (1587), enquanto as superiores. são pintura decorativa do século XIII.
Em seguida a visita continuou pela Sala dos Brasões (18), que como é bastante ampla, aproveitaram para colocar algumas vitrinas com produtos que são vendidos na loja do castelo.
Na Idade Média esta sala era usada como sala de recepção. Como se encontra por cima da Aula Magna (26), denominavam-na de Aula Magna superior. A chaminé e o tecto em caixotão datam do século XV. O friso superior está ornamentado com brasões dos magistrados bernenses, castelões de Chillon que viveram no castelo de 1536 a 1733.
A Camera Domini (19) – quarto do senhor, foi o quarto dos condes, e depois dos duques de Saboia. Foi criado no século XIII por Pedro II de Saboia, e completamente remodelado no século XIV, sendo dessa altura as pinturas decorativas (com animais numa vegetação luxuriante) . O tecto está ornamentado por flores-de-lis e cruzes (que aludem às armas de Saboia e estao cortadas em folhas de estanho). A escada em caracol criada em cerca de 1336 permitia ao senhor do castelo subir aos caminhos de ronda ou descer até à sua capela privada.
O pequeno salão (20) contiguo ao quarto, deve ter servido na idade média como retiro ou guarda-roupa. A janela a chaminé de canto e as pinturas murais datam no século XIII, enquanto o tecto é do século XV. Na mesma o que achei mais relevante foi mesmo o fogao, pois apesar do seu propósito, a divisão não dispensa o seu fogão de sala.
A sala decorada com painéis em Madeira (22), uma vez mais desprovida de mobiliário e ampla, captou a minha atenção pelo seu fogão de sala.
Supostamente esta divisão foi usada no século XIV como alojamento das damas das damas da Casa de Sabóia.
Mas o que apreciei mais, é que esta sala oferece uma vista fantástica sobre o lago, a cidade de Montreux e as vinhas de Chillon.
O Antigo Pelium, assim designado de pelium ( fogão de aquecimento), nos séculos XIII e XIV, tratava-se antigamente de uma grande sala aquecida por um fogão e que muito provavelmente terá servindo como atelier do pessoal do conde para executar trabalhos de interior.
A Capela (24), por sua vez, desprovida de qualquer mobiliário típico que a caracterize, é actualmente uma divisão vazia (que sem qualquer legenda poderia ser difícil de identificar). A capela de São Jorge foi a capela privada dos condes de Sabóia.
Durante a reforma serviu de celeiro, e mais tarde como depósito de pólvora durante o período bernense. No século XIX foi-lhe devolvida a sua função inicial, ao tornar-se o local de culto dos detidos, quando o castelo foi transformado em prisão cantonal.
Saindo da capela encontra-se uma pequena varanda no exterior, e descendo a escadaria acede-se ao terceiro pátio (25).
Voltando ao piso térreo, e entrando de novo no edifício em frente à escadaria que se desceu, encontra-se a Aula Magna (26). Esta sala foi usada na Idade Média pelos saboianos, como sala de recepção, de banquetes e de festas. Foi aqui que recebiam os seus vassalos e faziam justiça. Tornou-se a sala do moinho durante o período bernense, pois foi aí instalado um moinho e uma prensa. A partir de 1839 atribuíram-lhe o nome de sala da justiça.
As colunas de mármore negro e as janelas voltadas para o lago datam do século XIII, enquanto o tecto e a chaminé são do século XV.
A Sala de Tortura (28), contigua a esta de lazer, foi usada durante a época saboiana como pequena sala ou guarda roupa. Só no século XVII, foi usada como sala de interrogatórios ou de tortura, sendo daí que advem o nome que tem actualmente.
Na Camera Nova (30) pode-se apreciar um fogão que data de 1602. Esta divisao destinava-se aos saboianos nos finais do século XIV. Recentemente foi denominada de sala do comité, pois o comité da Associação para a restauração de Chillon reuniu-se nela nos anos de 1930. A Associação fundada em 1887, com o apoio do Estado de Vaud, tratou da restauração e exploração do castelo até 2002, altura em que foi sucedida pela Fundacao do Castelo de Chillon.
A Domus Clericorum (31), casa dos clérigos, albergava no século XIII, em dois andares a administração da alcaidaria de Chillon e do bailiado de Chablais. No século XVI por desabamento ou demolição este edifício desapareceu, mas na primeira metade do século XX a sala dos clérigos no andar inferior foi completamente restaurada.
A sala dos esboços (32), espaço situado por baixo da capela privada dos saboianos, é anterior ao século XIII. Os esboços que aqui se encontram são de inícios do século XX, e mostram as etapas da construção do castelo. Foram realizados com base nos 38 anos de trabalhos conduzidos pelo arqueólogo Albert Naef.
Assim caso estejam interessados em saber com maior pormenor as fases de construção e ampliação do castelo, este é o local indicado para o descobrirem. Eis o que podem encontrar.
No centro da sala as 3 maquetes que retratam as fases de evolução/construção do castelo.
Os 10 placares nas duas paredes paralelas às maquetes, que abordam ao longo dos séculos a história de construção do castelo (procurei mantê-las com grandes dimensão para ser possível lê-las).
Numa outra parede encontra-se a planta do castelo.
E na parede perpendicular a esta, um placar que se refere à reconstrução do castelo e aos seus principais protagonistas.
Desta sala por umas pequenas escadas de madeira acede-se a uma área um pouco mais subterrânea que parece de escavações arqueológicas.
E é nesta área que se encontram dois mapas ligados a Chillon, um dos quais com o mapa invertido do Lago Leman.
Saindo desta sala dos esboços para o exterior, e passando pelo terceiro pátio acede-se ao quarto pátio (34). Este pátio, chamado de pátio de cortina, foi criado completamente para a defesa e para controlar a antiga estrada. Possui paredes para o exterior grossas, com aberturas estreitas e elementos de arquitectura defensiva.
Deste pátio avistam-se três Torres de defesa semicirculares que foram construídas em cerca de 1230, e depois sobrelevadas em várias etapas e modificadas com frequência para se adaptarem à defesa do castelo. Na segunda Torre de defesa (35), encontra-se actualmente a colecção de armaduras.
Depois da visita ao interior desta segunda Torre, o caminho da ronda conduz à Logia Parlamenti (36). Este espaço entre os séculos XIII e XV, foi um grande locutório em forma de camarote, sendo dele que os príncipes de Saboia e os castelões faziam as audiências e exerciam a justiça. Em fins do século XV serviu de cozinha. No século XVI foi parcialmente destruída e transformada em posto de comando para vigiar o primeiro pátio. No século XVII foi instalada aí uma fundição, e em 1836 serviu de abrigo para as caixas de artilharia
A terceira Torre de Defesa (37), é do mesmo tipo da anterior e foi construída para os soldados da guarnição militar encarregados de vigiar a entrada nos séculos XVI e XVII.
Junto a esta torre fica o edifício da entrada (38), construído no século XV, que como o nome sugere, fica por cima da entrada do castelo.
A Torre de Vigilância (39) situada perto da entrada, também é denominada de torre do relógio por ser nesta que se encontra o relógio que se avista no exterior do castelo. A torre aparentemente foi construída para defender a ponte e a entrada do castelo.
O percurso ao longo do caminho de Ronda (40) permite apreciar de cima o complexo do castelo e o seu primeiro pátio, bem como o lago.
E desta forma se acede ao Edifício do Tesouro (41) e ao Torreão (Donjon) (42-46).
O edifício do tesouro data de fins do século XIII, e na altura albergava os objectos de valor, títulos de propriedade e outros pergaminhos, em especial arquivos da casa de Saboia. Foi transformado em vão de escada em 1815.
O Torreão por seu lado, situado sensivelmente no centro do rochedo de Chillon, data provavelmente do século XI. Torre de protecção e símbolo de poder, também serviu como observatório de defesa, residência provisória, entreposto e mais tarde de prisão e armazém de pólvora.
A colecção de armas (besta, espadas, arquebuses, armas de hast, etc) está exposta em duas salas do torreão, uma por cima da outra (43 e 44 respectivamente).
No topo do torreão a vista de 360° sobre o castelo e o que o rodeia pode ser imperdível (os meus acompanhantes subiram até lá, mas as minhas vertigens venceram-me…) , e aqui fica o que de lá se pode avistar (cortesia do meu inestimável e incansável acompanhante, usando a máquina fotográfica do meu outro acompanhante, o de dois palmos, já que subiram ambos).
As descrições ao longo do artigo, relativas a cada um dos locais assinalados, foram retiradas do prospecto guia obtido aquando da aquisição dos bilhetes.
Espero que tenham apreciado esta visita, tão exaustiva quanto possível, ao Castelo de Chillon.